Segunda-Feira, 29 de Abril de 2024
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publicado em: 26/02/2018
Um passeio inusitado pelo coração do Rio de Janeiro

Por uns simbólicos 12 ou 15 reais, aqui no Rio de Janeiro, é possível passar algumas horas agradáveis passeando pela cidade e conhecendo sua história, muitas vezes através de estórias mirabolantes. Leia mais...

Matéria de Aline Wyllie

As meninas de hoje!
101 anos da Avenida Rio Branco
Um charme só!
A linda abóbada da Candelária!
Beco das Sardinhas

Por uns simbólicos 12 ou 15 reais, aqui no Rio de Janeiro, é possível passar algumas horas agradáveis passeando pela cidade e conhecendo sua história, muitas vezes através de estórias mirabolantes.Trata-se de passeio oferecido pelo grupo “Revelando o Brasil”, formado em setembro de 2016 por seis guias de turismo entusiasmados com o seu trabalho, que oferece passeios a pé, pelo coração da cidade do Rio de Janeiro, passando-se por prédios, ruas, igrejas e locais permeados de histórias, lendas e curiosidades que você nem imaginava existissem ou cuja origem você não fazia idéia! A contribuição simbólica visa pagar pelo trabalho do guia e arcar com os custos da empresa, que não tem parceria ou recebe qualquer apoio de nenhuma outra forma. Um preço irrisório pelo que é oferecido.

Nesta segunda-feira, dia 26/02, o roteiro era Rio Antigo: Ruas, Freguesia e Sociedade, mas existem muitos outros, tais como: “A História da Bossa Nova”; “Rio, a Paris dos trópicos”; “Rio Literário”; “Botequins do Rio Antigo” e muitos outros. E estes são só os passeios culturais no centro do Rio, havendo ainda passeios por outros lados da cidade, inclusive à Ilha de Paquetá, além de trilhas e excursões para fora da cidade.

421 pessoas manifestaram interesse em participar do passeio, mas apenas três, eu inclusive, apareceram. Duas cariocas e uma mineira, a mais animada! Mas quem está reclamando!?  O passeio acabou sendo um tour privado. O guia – Juliana Ifiúza – uma linda jovem, vinda de uma pequena cidade do interior do estado, perto da divisa com os estados de Minas Gerais e Espírito Santo.

O Programa de hoje nos levou às freguesias do Rio de Janeiro colonial, começando pelo Paço Imperial, na Praça XV, e terminando no Beco das Sardinhas. Onde mais iríamos aprender sobre a Bruxa sanguinária do Arco dos Telles - Bárbara dos Prazeres – ou saber que no famoso Beco dos Barbeiros fazer a barba era apenas um dos serviços, sendo também lugar para tratamento dentário e cirurgias? E quanto à Rua do Ouvidor, famosa por suas lojas, e também local favorito das senhoras da época que, quem diria, além das compras aproveitavam o tempo para visitar a Rua do Acre, do outro lado, reduto de prostituição masculina durante o período diurno.

Entre as ruas do Rosário e Buenos Aires, aprendemos também sobre os escravos “tigres” e os escravos de “ganho”, que recebiam o direito de fazer, digamos assim, “tarefas” diferentes, o que nos leva a pensar que eles tinham alguma vantagem em relação aos outros escravos. Bem, acaba que o termo tigre se referia aos traços verticais que as fezes que transbordavam dos grandes baldes que os escravos carregavam em suas cabeças deixavam nos corpos dos homens (Eca!!!). Já os escravos de ganho, estes sim, recebiam o direito de vender quitutes na rua, podendo guardar o que sobrasse da cota devida aos seus senhores, para um dia comprar a sua alforria. Tais produtos eram vendidos na famosa Rua da Quitanda.

Chegando à Rua da Candelária, lembramos sobre o conflito entre os portugueses que apoiavam e os que não apoiavam D. Pedro I, que ficou conhecido como a Noite das garrafadas, em que a pessoas que moravam nos prédios próximos atiraram garrafas sobre os manifestantes na tentativa de parar a confusão.

Na linda Igreja da Candelária, descobrimos que a cúpula interna não é a mesma que a cúpula externa e que numa determinada época era possível subir uma escada que levava à cúpula interna e permitia que se visse a igreja de lá de cima. Típico na região era também o soar dos canhões, uma vez que, para homenagear à família real, cada navio que adentrava a Baía da Guanabara (cerca de 5 a 6 por semana) era obrigado a fazer uma salva de 21 tiros de canhão, que eram respondidos por uma outra salva de 21 tiros, a partir das fortalezas na entrada. Isto deixava as pessoas que moravam nas cercanias loucos.

Aprendemos sobre a Av. Rio Branco, que conectava os dois “mares”, e sobre a Av. Presidente Vargas que Vargas queria estender além da Igreja da Candelária, movendo-a de lugar, o que não foi possível pois fazê-lo traria a Candelária abaixo. O desfile de carnaval também ocupou a Av Presidente Vargas durante muitos e muitos anos. Terminamos o passeio no Beco das Sardinhas, que ganhou este nome devido aos três restaurantes que vendem sardinhas no local. Originalmente a área era um cemitério de escravos, posteriormente movido para o Valongo, e agora é um lugar preferido para happy hours durante a semana para quem trabalha ali perto. Mas não pense que vale à pena regatear no preço da sardinha e da cerveja, pois o done é o mesmo dos três.

Eis aí um exemplo de um passeio barato, gostoso, educativo e muito interessante. Vale à pena conferir!


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